Consulta Nacional da FNE a docentes: Burocracia e crescimento da indisciplina são as maiores preocupações
1-8-2024
A FNE e a AFIET – Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho promoveram entre 14 e 28 de junho de 2024 uma Consulta Nacional online dirigida a todos os Educadores e Professores do Continente, Regiões Autónomas e Estrangeiro e que teve por objetivo conhecer a sua avaliação sobre a carreira docente e as condições de exercício profissional em Portugal, do ano letivo que está a terminar.
Este questionário contou com uma amostra de 3.570 docentes que no ano letivo de 2023/2024 lecionaram nos níveis de ensino Educação Pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico, Ensino Secundário, Educação Especial e Ensino Profissional, em Portugal Continental, Regiões Autónomas e Estrangeiro.
Na consulta deste ano repetiram-se algumas das questões que estiveram presentes nas consultas idênticas promovidas pela FNE e pela AFIET em 2021, 2022 e 2023, introduzindo novas questões nas dimensões que estiveram já em apreciação anteriormente e criando duas dimensões para análise: “As novas ferramentas digitais e o ensino” e “Indisciplina em contexto escolar”.
Em jeito de resumo sobre os principais resultados deste questionário, note-se que a maioria dos educadores e professores portugueses gostam da sua profissão, desejam continuar a trabalhar como docentes, por ser o que gostam de fazer, mas sentem que a sociedade não tem um reconhecimento positivo do seu trabalho, e consideram ainda que não têm uma remuneração que corresponda ao nível das qualificações e competências que lhes são exigidas.
Os participantes nesta consulta sentem-se maioritariamente realizados profissionalmente, no exercício das suas funções, embora afirmem que as suas perspetivas de desenvolvimento da carreira sejam pouco ou nada atrativas.
Tendo em conta aquelas conclusões, é incontornável que a esmagadora maioria dos inquiridos volte a afirmar este ano que não incentivaria um jovem a ser professor.
A excessiva quantidade de trabalho administrativo que é exigida aos nossos educadores e professores continua a ser o maior dos problemas que têm de enfrentar, a que se segue a conciliação da sua vida profissional com a vida familiar.
A indisciplina aparece nesta consulta com fortes sinais de preocupação, sendo elevado o número daqueles que registam o seu crescimento em relação ao ano anterior.
As novas ferramentas digitais são vistas como um recurso para o ensino, mas há preocupações com relação ao seu uso, quer em sala de aula, quer em recreios, sendo ainda maioritária a recusa na utilização de manuais digitais no processo de aprendizagem dos seus alunos.
Procurando informações sobre o estado da formação contínua disponibilizada, é muito elevado o número dos que não frequentaram qualquer ação de formação de capacitação digital.
Questionados sobre o atual modelo de administração e gestão das escolas, é muito significativo o número dos que não concordam com o atual modelo de administração e gestão as escolas, mas um número muito elevado de participantes considera que a escola deveria ter mais autonomia ao nível da definição dos currículos, calendário e modelo de avaliação dos alunos.
Esta foi a sétima consulta anual que a FNE e a AFIET promoveram, desde 2021, tendo sido realizadas em cada ano duas, uma no mês de julho e outra no mês de outubro. Estas consultas seguiram-se a uma outra, com idênticas intenções, realizada em 2002, sob o lema “O Estado da Educação pela voz dos seus profissionais”.
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